Reticências
Fazia frio, as minhas pernas tremiam... e depois... depois já nada fazia sentido... tudo trocado... num misto de má disposição com felicidade... um turbilhar de sensações... uma alegre confusão... a paz... a alegria... o sonho... vivemos no meio destas reticencias todas...Eu gosto de usar reticências...Porque elas são uma dádiva...Gosto de brincar de esconde-esconde com a verdade e o sentido... Encontro nelas a porta de emergência, quando há zona de perigo...como se de um trilho se tratasse...As reticências me dão a tranquilidade de parar mesmo quando não sei terminar...As reticências apagam o fogo de que não tem interesse e inflamam as chamas dos que têm curiosidade...
Génio não foi quem inventou as palavras, mas as reticências...Quando querendo dizer tudo eu digo quase nada...
Reticências não comprometem... São curtas e objectivas... Mesmo que incompreensíveis... Quando o oportuno deve permanecer implícito... Reticências são guardiãs das verdades inconvenientes... A erupção do nosso vulcão interior que não causa estragos... Usar Reticências é dar a liberdade para quem as recebe pensar o que quiser... Sempre vou usar reticências...
Não tenho segurança, nem poder e muito menos moral para usar um ponto final... entre estas reticencias... nós vivemos, nós pensamos, sonhamos... aiiii reticências que me perseguem...