"Conta-me ao ouvido, se hoje a luz veio-te visitar, ou se foi mais um dia sentado em frente a uma porta que impede-te de ver o que se passa na rua..."
Quatro tábuas que impedem-me de ser iluminado, quatro tábuas que já me roubaram lágrimas, já me feriam as mãos, ao ponto de me fazer parar de escrever. Tenho os ombros negros, os dedos em sangue de lutar contra esta porta, será mais uma porta sem chave, ou a porta que só se abrirá quando só a escuridão restar la fora... Sentado entregue a perguntas, que mais do que curiosidade, tenho ânsia de conhecer as respostas... vivo numa dança com o escuro e com os poucos raios de luz que penetram a porta...
Lamentos, penso eu... mais e mais lamentos... mas a vontade é de gritar em voz alta...
VAI PARA O CARALHO!!!!
Encontro formas românticas... bonitas de maquilhar sentimentos podres dentro de mim... a minha raiva transforma-se em depressão, os meus sonhos em frustração o ódio em amor... e vendo estas bonitas palavras como se um romântico fosse... não estão fartos de ouvir histórias belas, contos de fadas, relatos de um apaixonado crónico, ou de um romântico depressivo que vê na escrita um colo seguro onde deitar a cabeça e finalmente chorar lágrimas que vai acumulando...
Pelo vidro embaciado do meu quarto, espreito para o Mundo que me espera la fora...um Mundo que, sem duvida, não me acolhe como filho mas apenas como um insecto repugnante que voa sem destino...um Mundo que não se revela em mim, que não se proporciona à minha pequeneza / grandeza...um Mundo que desconfia de mim e do meu valor, que me interroga e que me rebaixa...um Mundo frio, gelado, um Mundo sem vida, um Mundo só de ataraxia...
E é este o Mundo que me pertence? O Mundo pelo qual eu luto e pelo qual eu espero? O Mundo que, no fundo, marca a minha passagem nesta vida, o Mundo no qual eu partilho tudo com um mero desconhecido ou com um simples amigo? O Mundo que não é o meu Mundo porque no final o que eu faço e o que todos fazemos é permanecer quedos e mudos...assistindo à destruição do Mundo que (des) construímos e à nossa própria autodestruição...porque com ele, vai um pouco de nós...e de qual Mundo falo eu?...