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"Louco? Loucos são os Loucos que me chamam Louco mas que não conseguem ver a genialidade da minha Loucura!"

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Coragem

por Narciso Santos, em 23.05.17

A medo, pegou na sua bicicleta, já velha, mas cheia de historias. Olhou para a sua companheira com olhos melancólicos, lembrando-se de viagens antigas e de suas histórias. Com determinação pegou no seu corpo já frágil, marcado pelo passar dos anos, e montou-se. A principio foi difícil, nada parecia de feição, o transito era intenso, sentiu-se perdido, desamparado... Mas este é um homem de paciência, com a sua vida já feita, tinha todo o tempo do mundo... A rua estava agora vazia, deu uma primeira pedalada, o desequilibro era notório, eu próprio que observava tal cena, sentia a fragilidade do velhote, mas aquelas peles velhas escondiam uma força enorme, a força de quem ainda quer viver, e vi o homem pedalar ladeira acima, com uma determinação de uma criança que quer ver cumprido o seu objectivo. E ele continuou a pedalar, parecendo que a cada impulso iria tombar... mas enganei-me.. Fiquei a velo até desaparecer no horizonte. Este homem deveria ter cerca dos 65 - 70 anos, fiquei a observa-lo de longe assistindo a uma prova de força e de coragem, que me tocou... Quando os sonhos ... se realizam...


Sonho

por Narciso Santos, em 22.05.17

Conheci um Sonho, jovem e simpático... irradiava bem-estar! Foi-se dando a conhecer, e a cada conversa nossa eu sentia-me apaixonar, lentamente de uma forma tão suave que me deixava arrepiado. Passaram-se semanas, já não era apenas um sonho... era o meu sonho, era ele que me fazia sorrir, era ele que me beijava todas as manhãs quando acordava. Um dia o sonho chegou perto de mim, e com um olhar confiante perguntou-me: Eras capaz de lutar por mim? - Fiquei parado, pensativo... Respondi-lhe que sim! Aí o sonho cresceu ainda mais, tornou-se tão grande, que eu já não o sabia distinguir da realidade. A cada batalha, o sonho parecia mais forte... e eu mais confiante. 

Até que um dia o sonho tanto cresceu que consegui tocar na Realidade... Nesse dia o Sonho morreu!

Serão os sonhos eternos? Ou apenas desejos efémeros?


Memórias de um Caxineiro - The End!

por Narciso Santos, em 19.05.17

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(Para uns vale o Caminho, para outros a "Boa" Viagem...) 

“Filho só vai para o Mar quem não sabe fazer mais nada”. Estas foram as palavras que o meu Pai sempre me disse em relação à vida dura que os pescadores têm e uma forma de eu fugir à velha máxima Caxineira, “ou se dá jogador de futebol, ou vai-se para o mar”…

Graças ao meu Pai não querer que eu tivesse a mesma vida que ele, repetindo-me sempre esta frase… ajudou também uma viagem de barco de Matosinhos até Viana do Castelo e logo percebi que aquela frase fazia todo o sentido, não tendo vomitado 12 vezes nessas fatídicas 4 horas de barco.

O Ser jogador de Futebol estava longe, não pelo facto de não saber dar uns chutos na bola, mas maioritariamente por chegar a casa às 7 da manhã, pegar nas chuteiras e ir para o campo jogar, o que me dava a impressão que não seria um bom profissional da bola, logo restava a solução mais obvia para a minha Mãe, que era terminar o 12º Ano e ir trabalhar (naquela altura todo o mundo ia parar à Infinion).

Mas ficar no 12º Ano a fazer matemática e ver todos os meus amigos partirem para a Universidade (namorada também), trouxe-me outra perspectiva que nunca me tinha passado pela cabeça, e se fosse tirar um curso superior?!?!

Lá fiz a candidatura e entrei em Braga no ramo da Economia e que melhor professor de Economia poderia ter tido que não a minha Mãe? Pois uma coisa peculiar que existe aqui nas Caxinas é o facto de as Mulheres Caxineiras serem do melhor em matéria de cuidar da casa e das finanças da mesma, ou seja, por norma o casal ganha o seu salário mas quem administra os mesmo é a mulher (caso contrário gastaria tudo na canastra e no café).

Lembro-me perfeitamente quando disse a minha Mãe que tinha conseguido entrar na faculdade e ela não apreciou muito a ideia e mandou-me ir trabalhar, mas lá lhe expliquei que não ia ser como no secundário (vagabundagem) iria ser atinado e fazer o curso no tempo estipulado e que iria trabalhar para pagar as propinas e o alojamento.

Aqui entra novamente o meu Pai em cena que me diz: “se queres ir para a faculdade vai, eu pago as propinas, pago o alojamento, dou-te uma semanada para “copos”; carro (suzuki vitara a GPL, usado claro) e combustível e agora dá-me uma só razão para chumbares a uma só cadeira?”

O meu Pai como estava ausente nunca se intrometia nestas “coisas” pois era assunto para a Mulher Caxineira tratar, mas quando intervir, era assertivo e tirava-me qualquer tipo de argumentos que eu pudesse arranjar. Com tudo pago, se eu chumbasse como me iria justificar, dado todo o sacrifício do Homem estar no alto mar por 10 meses? Simples não Havia Justificação e o Curso era para ser feito nos 4 anos.

Em Braga fui viver com um dos meus melhores amigos que sempre me acompanhou desde a 1º classe e com outro amigo que me acompanhou no secundário e lembro-me que no primeiro mês das supostas aulas não houve nada, pois só via os meus colegas de curso a serem praxados e ninguém aparecia nas aulas, e lá andava eu a passarinhar a ver todo o mundo com “cornadura no chão” pois parecia ser as palavras de ordem dos dias…

Lembro-me que na primeira aula que assisti quase no final da mesma, recebi um bilhete de uns “pseudo doutores” ou melhor dos pinguins trajados a me dizer que se não aparecesse na praxe estava F%&$… Sendo que no final da aula lá me dirigi aos pinguins e perguntei quem tinha escrito o bilhete, ao qual um arrogantemente me disse que tinha sido ele… Ao qual eu respondi que ele não me conhecia de lado nenhum, não “andou comigo na escola” para me ameaçar seja de que forma fosse, e se abrisse a boca mais uma vez lhe partiria os dentes… Ao qual me perguntaram de onde eu era… Ao qual respondi. “Das Caxinas”. Ao qual nunca mais me chatearam a cabeça com praxes e coisas a fim.

Aprendi que os meus professores percebiam menos de economia que a minha Mãe, muita teoria e prática Zero.

Aprendi que estar a 50Km do cheiro a maresia me fazia confusão, e todas as sextas quando regressava de Braga, saía na Póvoa de Varzim para "passear de carro á beira mar".

 

Aprendi que não podemos ter argumentos para falhar, pois se o meu Pai não tivesse dito e feito o que fez para eu ir para a faculdade, ainda hoje estaria a tirar o curso.

Aprendi que existem burros com canudo e burros sem ele, ou seja, um canudo não é sinal de inteligência.

Aprendi que existem pessoas ávidas por poder e por serem tratadas por Doutor(a) só porque têm uma licenciatura.

Aprendi que dizer que sou das Caxinas dá um jeitão, pois a fama de outrora de que somos “uma Raça Suis Géneris” ainda se mantinha.

O que espero? Que a minha pequenada consiga dar um impulso a esta Raça e a este Crer que é o Ser Caxineiro Vilacondense!

The End!


Memórias de um Caxineiro - Parte 3

por Narciso Santos, em 17.05.17

 (Sim, Caxineiro que se preze atirava-se da cruz, onde se encontra a gaivota)

Lá diz o ditado, antes de caminhar aprende a gatinhar, antes de correr aprende a caminhar… Mas eu queria muito ser adulto antes de ter vivenciado o “ser criança” e o “ser adolescente”, lá corri antes de caminhar… Como quando era pequeno me lançava do Cais Sul para a água sem pensar nas consequências que daí poderiam advir, me lancei para a “Técnica” para a Escola Secundária José Régio no 8º Ano!

Se por um lado tinha perdido metade dos amigos quando passei da primária para a Escola Frei João, por outro lado fiz novas amizades aqui nesta nova escola mas tudo mudou quando me senti adulto e lá pedi transferência para a “Técnica” eu e mais 2 amigos que me acompanharam desde a primária, ter uma base e um suporte é muito importante, eu tinha eles dois em um mundo que começou por revelar-se muito estranho.

Se comecei na outra escola a perceber o status e a estratificação da sociedade, aqui nesta nova escola é que percebi de facto a diferença e os valores “MATERIAIS” que davam às marcas, á roupinha cara, às pessoas, à embalagem, etc…

Para começar a minha turma do 8º ano era basicamente o pior pesadelo dos professores, tinha colegas que já deveriam estar 3 ou 4 anos à frente mas simplesmente eram repetentes compulsivos… A escola era estruturada por grupinhos: Os Betos, Os Surfistas, Os tipos de Desporto que eram na sua maioria jogadores do Rio Ave, Os Metaleiros com as suas calças de ganga pretas super hiper mega skinny, (basicamente uns collants feitos em ganga), as famosas “City Jeans”, O pessoal da aldeia, etc…

Claro que eu fui logo me juntar aos famosos “gandins” os meus conterrâneos Caxineiros, claro está que no final do ano lectivo, somente metade passou para o 9º Ano, os restantes uma vez mais ficaram pelo caminho, e a vida era assim, saindo uns e entrando outros…

Chega a época das Calças à Boca de Sino, do cabelo à Kurt Cobain, das camisas de flanela aos quadrados, das calças Levi´s mas compradas nos ciganos da feira, pois não havia como gastar 14 contos num par de calças, tive a sorte de me darem umas Allstar Vermelhas, acho que foi o meu primeiro artigo de marca. Como qualquer Caxineiro lá fui dar uns “chutes” na bola para o Rio Ave.

Lembro-me de todas as pessoas terem pavor do “bairro vermelho” ao lado da escola pois era onde viviam os ciganos, que se tornaram grandes amigos meus, lembro-me do bairro do Caximar também ter má fama, e estas pessoas também se tornaram amigos, somente inimigos dentro de um campo de futebol, onde a palavra perder não entra no dicionário nem num jogo a “feijões”.

Lembro-me que me deslumbrei demasiado no 10º ano que me espalhei por completo em quase todas as disciplinas, lembro-me das saídas as quartas feiras a tarde antes de ir treinar de 15 em 15 dias festa da escola no Totta Bar. Lembro-me das saídas à noite para a discoteca Enseada. Lembro-me que 1 fino custava 50 escudos (25 cêntimos); lembro-me que o cinema custava 300 escudos (1,5€)… Lembro-me de muita coisa…

O Rio Ave F.C. dominava as conversas de café, o relato soa todos os domingos na mão dos velhos e menos velhos, entre o baralho de cartas e a Super Bock. Nos dias de derbi (Varzim x Rio Ave) era o “foge da frente”…

Pois foi ali / aqui que cresci, vivi e aprendi.

Nos dias de hoje os putos já andam com roupa de marca desde que nascem, são catalogados quando entram no infantário, essa catalogação passa com eles para a primária e depois depende se continua ou não pelas mãos da professor(a) primária…

Tentar explicar a eles o que eram as Caxinas, que no meu tempo não haviam computadores, tablets nem telemóveis. Mas tento uma vez por semana, levar a ver o avô no cais, dentro do barco a trabalhar, explicar onde nasci e cresci para ver se conseguem absorver alguma coisa e acima de tudo não renegar as raízes como muitos as renegam e escondem.

Uma coisa é certa nesta vida, para sabermos para onde queremos ir, nunca nos devemos esquecer de onde viemos e a minha âncora está aqui nesta terra: Caxinas, Vila do Conde.

Nós não somos melhores nem piores do que ninguém, somos diferentes: “Estátuas de Bronze a Andar”, os Caxineiros da poesia de José Régio.


Memórias de um Caxineiro - Parte 2

por Narciso Santos, em 16.05.17

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… Nunca se esqueçam que Os Caxineiros são Vila-condenses de 1ª, como são os de outros lugares da cidade de Vila do Conde.

Mas o que é certo é que nunca me senti um Vileiro, nem um Poveiro!

Como tudo na vida o tempo passa, e um tipo vai crescendo e termino a 4º classe, despeço-me da escola primária das Caxinas e passo para a 5º classe para o “Ciclo”, Escola Frei João. Esta escola já era naquela altura outro nível, era como se passasse-mos de jogar nos Regionais para uma primeira divisão, sendo que a “liga dos campeões” aguardava do outro lado da rua, na “Técnica” - José Régio!

Logo na passagem para a escola preparatória perco mais de metade dos meus amigos da primária, e vou para uma turma com quase todos desconhecidos, também é aqui que começa a mistura de culturas, entre os Caxineiros e os Vilacondense oriundos das freguesias de Vila do Conde.

Sei que me sentia um pouco enjaulado, por as grades que cobriam a escola de forma a não podermos sair, Salgado sempre atrás de nós (com a sua frase, “levas um…”), os tempos de ter aulas somente de manhã terminam e passo a ter umas 12 disciplinas por ano, ou seja, fico completamente prisioneiro e refém da escola, pois era um “trabalho autêntico” entrava as 8:00 saía as 18:30.

Nem tudo era mau, os pacotes de leite da agros achocolatados ainda continuavam a ser distribuídos de manhã e de tarde, aprendi a fazer novos amigos fora da minha redoma das Caxinas e aprender a viver na diversidade, também comecei a perceber a estratificação da sociedade onde afinal não éramos todos feitos de “água, sal e areia”, uns tinham além disto, tinham “uns crocodilos” “um tipo em cima de um cavalo” e uns outros dizeres…

O Caxineiro tendo como atributos o ser: valente, poeta e filósofo, melancólico e sonhador, muito religioso, fraterno e generoso, tempestivo no momento de fúria, mas cordeiro e humano, honrado e supersticioso, bom chefe de família e trabalhador, já não chegava, pois as marcas falavam um outro idioma, além do nosso linguarejar próprio, que tanto nos orgulha, o nosso sotaque… sim o “Novo-riquismo” tinha chegado…

Lembro-me perfeitamente da lojinha em frente a Frei João que vendida os gelados de gelo a 25 escudos, os famosos Fãs e as broínhas de mel por 20 “paus”… Dizia a minha mãe que iria comer na cantina da escola mas em vez disso, saltava as grades e lá ia comer a lojinha, pois Caxineiro que se preze não come na cantina, mas sim broínha, sandes, batatas fritas e a famosa gasosa na lojinha.

As minhas professoras coitadas, muitos cabelos brancos, azuis, verdes devem ter ganho, pois era tanto o disparate efectuado dentro da sala de aula…

Apartir do 6º ano, começa aqui a grande diferença na escola, pois a maior parte dos meus amigos abandona a escola, a razia de más notas era evidente, os “não satisfaz” eram banais, pois parecia que que a praia e o mar nos chamavam continuamente…

Mas como qualquer criança, o meu objectivo era ser “Grande” querer ir para junto dos adultos, querer ir para a tão aclamada “técnica” e peço transferência no final do 7º ano para ir para junto dos “grandes” dos adultos…

TO BE CONTINUED…

Porque raio quando somos pequenos queremos crescer rápido? E quando somos grandes queremos voltar a ser pequenos? Simplesmente não sabemos desfrutar de cada etapa que a vida nos proporciona com o tempo que nos é permitido e sem correrias…


Memórias de um Caxineiro - Parte 1

por Narciso Santos, em 15.05.17

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Mais ou menos 5 meses após ter iniciado este blog, denoto que existem umas boas 3 pessoas inclusive bloggers a olhar para este cantinho meu… que agora se tornou V/ também, pessoas estas que sabem, não sabiam e saberão onde ficam as Caxinas no mapa de Portugal. Aliás até recebo um comentário da “Maria” que me pergunta: “Quando te voltamos a ter com ânimo? A escrever sobre as Caxinas e as coisas boas da vida?” Pois aqui estou eu a escrever e lutar de certa forma por esta “terrinha” que merece muito... mas muito mesmo…

Saindo eu da fornada de 1980, e crescendo nas Caxinas onde a vida para um puto não era fácil e ainda muito menos quando se sabia que se ficaria órfão de Pai (não no sentido literal da palavra) mas sim porque o meu Pai como os Pais de muitos amigos meus tinham que embarcar em jornadas de 10 meses para o alto mar, para a Pesca (sim uma característica das Caxinas) e busca de melhores condições de vida.

Lembro-me perfeitamente a “creche” vivida com dezenas de outras crianças, era uma creche que fazia parte da fábrica de sardinha e onde todos os filhos das trabalhadoras estavam inseridos, eu inclusive (sim aqui não havia número máximo de alunos por turma, era mais um “ainda cabe mais um”) mas era Grátis!

Entrei com 6 anos na escola primária das Caxinas, infelizmente não entrei no edifício antigo (majestoso e impressionante), mas na parte “mais nova” pois o edifício antigo era frequentado pelos alunos mais velhos. Lembro-me perfeitamente dos pacotes de Leite Achocolatado da Agros que alegravam as minhas manhãs, dois pacotes eram o néctar dos deuses, como eu ansiava aquele momento, pois não haviam marmitas, o lanche era mesmo os pacotes de leites, provavelmente este leite poderia fazer o dia de muitas crianças por este Portugal fora, pois acredito que muitas poderiam ter um lanche invés de não ter nada…

Quem não se lembra do recreio e dos jogos estúpidos das pedradas entre “parte velha e parte nova da escola”, sim no meu tempo não havia parque, o recreio era em terra batida e areia… Bolas de Futebol? Claro que sim, tínhamos latas, os pacotes de leite, que serviam para o propósito… Professora inesquecível, D. Delfina… Quem não se lembra da sua régua de 50cm em metal? Só de escrever e me lembrar isto a minha mão fica dormente… Estranhamente olho para esse tempo, relembro os meus amigos e não me recordo de hierarquias, status, etc… Não me recordo de meninos ricos e pobres, lembro-me das suas / minhas feições de água, sal e areia…

Saía de casa sozinho às 7:30 da manhã e ia para a escola a pé, uns 20 minutos, mas logo em cada esquina contornada encontrava sempre um companheiro Caxineiro, para me acompanhar nas palhaçadas até à escola, sim tocar nas campainhas das casas era uma delas, e correr para não ser apanhado…

Lembro-me também que a escola terminava as 13:00 e lá ia com uns copinchas para o “fieiro” brincar aos pescadores nos barcos que se encontravam no estaleiro, lembro-me usar as latas de tinta e com elas pescar camarão e caranguejos para comer, crus ou numa fogueira feita ali mesmo, cozidas na própria água do mar… Lembro-me de me lançar do cais até à água, ir a nada do cais norte até ao cais sul… Lembro-me de me enfiar pelo meio das pedras do cais e andar à famosa pesca das “ranhosas e dos lulões”… Sei que os construtores civis tinham graves problemas nas obras, pois o revestimento de plástico dos cabos eléctricos tinham tendência a desaparecer, pois eram usados como “armas”, os famosos canudos que eram alimentados por milho, outro problema que a D. Rosa tinha no seu milharal, pois um monte de putos precisavam de munições e as suas espigas serviam esse propósito… Já agora as uvas americanas dela também eram uma delícia.

O meu Pai era pescador tal como todos os meus tios, e a minha mãe na época trabalhadora numa fábrica de conservas, tal como as minhas tias… Lembro-me que sempre que se ouvia uma notícia de um barco que naufragou, sabia que a probabilidade de um ser Caxineiro era enorme… ouvia-se gritos, vestes negras e rezas, sim as pessoas são muito devotas “Aqui” rezam para que “Aquele” que dá o pão, não leve nenhuma Alma! Mas a realidade era dura… A morte era uma “companhia normal”… Mesmo agora andasse pelas Caxinas e as vestes das Caxineiras são na sua maioria os mantos negros, pois quase todos nós já perdemos alguma alma no Mar!

O Mar é muito respeitado, pois num dia trás pão no outro dor… Mas lançamo-nos a ele de “Peito Feito” com os nossos Homens de ferro em barcos de pau…

Nunca se esqueçam que Os Caxineiros são Vila-condenses de 1ª, como são os de outros lugares da cidade de Vila do Conde.

…. (to be continued)

E agora perguntam-me vocês. De onde raio vem isto e porquê?

Os tempos e o mundo muda, queria que fosse para melhor mas o que vejo é exactamente o contrário…

Ontem o meu filho pediu-me para ir ao Parque João Paulo II para andar a brincar, e eu disse:

  • Vai andando que o pai já lá vai ter.
  • Sozinho não vou, pois tenho medo que “Alguém me Leve!”

Estamos a falar em 100 metros…

Quando olho para trás e vejo as minhas aventuras… Oiço o meu filho dizer que tem medo de andar 100 metros sozinho? Das duas 1, ou eu o mimo de mais e a transmissão do Querer e o Ser Caxineiro não está a ser bem passada, ou o mundo que lhe é transmitido e o mundo que ele vê se tornou um local completamente perigoso para se estar e viver… quero acreditar que seja a segunda hipótese, mesmo assim não muito abonatória para a “Nossa Canalha”.


Quem Sou?

por Narciso Santos, em 11.05.17

É curioso como não sei dizer quem sou... Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer... Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo... Sou como Tu me vês... Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como Tu me vês passar... Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre... Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir a minha razão a minha essência e os meus caminhos... Não me façam ser quem não sou... Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente... Não sei amar pela metade... Não sei viver de mentiras... Não sei voar de pés no chão... Sempre voarei, mesmo com asas feridas, não plano, voarei sempre... Sou sempre eu mesmo, mas com a certeza que não serei o mesmo para sempre...Eita reticências que me perseguem!


Amor / Sonho

por Narciso Santos, em 10.05.17

Encontrei o nosso amor numa folha de rascunho... junto a um problema de aritmética que resolvi quando ainda tinha o pássaro purpura que me ofereceste no dia em que nos conhecemos... 

Nunca o aprisionei numa gaiola... talvez por isso tenha fugido, mas ainda assim, fico satisfeito por saber que enquanto voou no tecto do meu quarto era feliz, e que não se poderia sentir mais livre que voando em bando com os nossos sonhos, que libertávamos enquanto olhos nos olhos nos descobríamos em silencio.

 

Ver as minhas mãos envelhecer não será dor maior que assistir ao suicídio dos meus sonhos.


Pois o pior é o deixar de sonhar...de todo. Quando nos apercebemos que secámos por dentro...que não há forma de regarmos as raízes que há muito apodreceram...


Regar os sonhos, manter os mesmos sempre vivos e nunca se esquecer como dizia o poeta: "O Sonho comanda a Vida" Ainda acredito nisto...


"As armas e os barões assinalados"..

por Narciso Santos, em 09.05.17

Quando apareceram os telemóveis e começou a surgir a linguagem “sms” tive grandes dificuldades em perceber a mesma e entender muitas das sms que recebia.

Depois apareceram as salas de chat e nomeadamente os facebooks, com novas palavras, como os “kuandos” os “pk” etc… a juntar a isto, um monte de emojis no meio das frases e o meu pesadelo das sms ficou exponencializada com o surgimento da linguagem “facebookiana”….

Depois surge o novo acordo ortográfico da língua portuguesa que me faz duvidar de mim ao ajudar o pequeno nos trabalhos de casa de português…

E depois surgem os comments, nos jornais, nas redes sociais... Seja porque assunto for acaba sempre em baixaria e insultos, tudo isto “regado” com uma linguagem escrita que não sei de como apelidar….

 

“A.S: Vaite rir pó caralho e ficamos por aqui porque eu não respondo aus teus comentários sobre fetebol e agradesso que fasas o mesmo comigo se te queres dar bem comigo respeita para seres respeitda

L.S.G: Para o caralho vai tu já é a segunda vez que te armes no facebook queres atacar e nåo gostes de ser atacada isso que tu fazes não é correto e vou te bloquiar e acaba a festa assim o queres achas que eu ia ficar calada mais uma vez ( uma tristeza !!!!!!!! )

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T.A: Eles aque ganhão milhões vcs estão se achatiar por essa merda ? o futebol torna-se bom quando tem o bate boca mas saudavel... minhas querias , as vezes temos de saber onde fica o planeta terra :)”

 

Lembrem-me para nunca comentar o que for, pois corro o risco de ter que regressar à primária para fazer ditados e cópias de forma a não dar erros…


Melancolia!

por Narciso Santos, em 02.05.17

"Conta-me ao ouvido, se hoje a luz veio-te visitar, ou se foi mais um dia sentado em frente a uma porta que impede-te de ver o que se passa na rua..." 


Quatro tábuas que impedem-me de ser iluminado, quatro tábuas que já me roubaram lágrimas, já me feriam as mãos, ao ponto de me fazer parar de escrever.
Tenho os ombros negros, os dedos em sangue de lutar contra esta porta, será mais uma porta sem chave, ou a porta que só se abrirá quando só a escuridão restar la fora...
Sentado entregue a perguntas, que mais do que curiosidade, tenho ânsia de conhecer as respostas... vivo numa dança com o escuro e com os poucos raios de luz que penetram a porta...

Lamentos, penso eu... mais e mais lamentos... mas a vontade é de gritar em voz alta...

VAI PARA O CARALHO!!!!

Encontro formas românticas... bonitas de maquilhar sentimentos podres dentro de mim... a minha raiva transforma-se em depressão, os meus sonhos em frustração o ódio em amor... e vendo estas bonitas palavras como se um romântico fosse... não estão fartos de ouvir histórias belas, contos de fadas, relatos de um apaixonado crónico, ou de um romântico depressivo que vê na escrita um colo seguro onde deitar a cabeça e finalmente chorar lágrimas que vai acumulando...

Realmente... chorar faz bem.

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